sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

...e

A paltil de Janeilo pala sua maiol comodidade pague as fatulas da EDP num dos muitos milhales
de postos de coblança existentes no Pais .... A LOJA DO CHINÊS MAIS PLÓXIMA !!!!



... e para acabar o ano com um sorriso à Manuela Moura Guedes (que saudades...)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Paradoxo do tempo



"Nós bebemos demais, gastamos sem critério. Dirigimos
rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde,
acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV
demais e raramente estamos com Deus.

Multiplicamos os nossos bens, mas reduzimos os nossos valores.

Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos
frequentemente.

Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos
à nossa vida e não vida aos nossos anos.

Fomos e voltámos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a
rua e encontrar um novo vizinho. Conquistámos o espaço, mas
não o nosso próprio.

Fizémos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.

Limpámos o ar, mas poluímos a alma; dominámos o átomo,
mas não o nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos
menos; planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar, e não a esperar.

Construímos mais computadores para armazenar mais
informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos
comunicamos cada vez menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta;
do homem grande, de carácter pequeno; lucros acentuados e
relações vazias.

Esta é a era de dois empregos, vários divórcios, casas
chiques e lares despedaçados.

Esta é a era das viagens rápidas, fraldas e moral
descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das
pílulas 'mágicas'.

Um momento de muita coisa na vitrina e muito pouco na
dispensa.

Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas
não estarão aqui para sempre.

Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo,
pois não lhe custa um centavo sequer.

Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companheira(o)
e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame...
se ame muito.

Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro.

Não mais filmes destes...

...eu sei que é utopia, mas não mais filmes destes...



"Numa noite normal com o passado largado da memória, um homem reencontra, no lugar a que chama casa, lembranças de um tempo que viveu.

Fragmentos de pura felicidade e instantes de sublime partilha, surgem como apontamentos de esperança de um presente que não voltará a ser o mesmo."

Os meus votos para 2012


"Que todos aqueles que eu amo permaneçam saudáveis e felizes junto de mim!!!
Que eu tenha alegria de viver e energia suficiente para o ano que aí vem!!!
Que eu cresça espiritualmente!!!
Que eu sobreviva a este desenfreado ano de mudanças, de desafios, de objectivos (...)
Só um coração aberto recebe AMOR, só uma mente aberta recebe SABEDORIA, só mãos abertas recebem PRESENTES, e só mesmo pessoas especiais passam pela minha VIDA!!!


...postei esta mensagem há 3 anos!!!
parece-me que os votos continuam os mesmos...acrescento apenas três - será bom saber que continuo a poder contar contigo, será bom agradecer a DEUS ter os MEUS na minha companhia e será bom saber que em 2012 não volte a ter socos no "estômago".

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Made in China!!




...embora a época seja de Paz, Alegria, fraternidade etc..etc... eu não resisto a postar isto!!!

when a child is born - 'Hallelujah'




...a todos os que por aqui passaram durante este ano de 2011 um Bom Natal!!
...a todos os que irão passar em 2012...aqui estou de braços e peito abertos!!!
Sejam todos felizes...sejam todos alegres...sejam todos UM!!!
Mil beijos

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Bom Natal!!



...para os mais pequeninos...

Olh' o gajo a dar o exemplo...eiaaaaaa!!!



SÓ LHE FALTA O CÉLEBRE GARRAFÃO, IMAGEM DE MARCA DOS TUGAS! UM BIDONVILLE ESTÁ À ESPERA DELE, QUE É PARA SABER O QUANTO CUSTA O EMIGRAR.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ahahah!!!

de morrer a rir ou morrer de chorar!!!!!!





...(....) ups!!!

Só um post destes para me rir!!!

Bem hajas!

...apesar de ainda muito triste, hoje estou particularmente feliz!!!
Foi bom, muuito bom!!!




" O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. "
( Fernando Pessoa
)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sócrates disse o óbvio



"As dívidas dos Estados são, por definição, eternas. As dívidas gerem-se." São eternas porque, ao contrário das pessoas, os Estados não morrem. Nunca nenhum País decidiu ficar com as suas dívidas a zero. A questão é sempre e apenas se pode continuar a pagá-las. Se os juros praticados são suportáveis e o seu crescimento económico permite cobrir os custos da dívida. E por isso são geridas. O que José Sócrates disse, para qualquer pessoa minimamente informada e que esteja de boa-fé nem merece debate. Não é matéria de opinião e ou de confronto ideológico.

No entanto, bastou o ex-primeiro-ministro afirmar uma ululante evidência para que se instalasse a indignação do costume. "Esta declaração do engenheiro José Sócrates explica porque é que afinal a bomba lhe rebentou nas mão e ele nos conduziu para a tragédia em que nos encontramos. Se as dividas não são para pagar e se foi isso que ele enteu dos estudos que fez de economia e finanças então está explicado porque ele não se preocupou que Portugal tivesse cada vez mais dívidas e não as pagasse." A frase é do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de José Sócrates, Freitas do Amaral, que teve simpatia pelo antigo regime antes do 25 de Abril, foi democrata depois dele, de direita quando a direita chegou ao poder, apoiante e governante do PS quando o PS ganhou as eleições e é agora entusiasta apoiante de Passos Coelho. Trata-se de um fenómeno que desafia as leis física: como pode alguém sem espinha dorsal manter-se de pé? Neste caso é fácil explicar a falta de honestidade intelectual. Noutros, é bem mais preocupante.

É fácil acreditar na ideia de que a nossa situação atual se deve a um homem. Mesmo que tudo nos demonstre o absurdo de tese. Sócrates não conseguiu, apesar de tudo, governar Portugal, a Grécia, a Irlanda, Itália e a Espanha em simultâneo. E mesmo os nossos problemas - dívida externa, desigualdade na distribuição de rendimentos, crescimento cronicamente baixo, desequilíbrio da balança de pagamentos, uma moeda demasiado forte, distorções no mercado de arrendamento, falta de competitividade da nossa produção, erros crassos no nosso modelo de desenvolvimento - não têm seis anos. Só que resumir tudo à dívida pública e a um homem dispensam-nos de qualquer reflexão mais profunda. Há um culpado e a coisa está feita. E tem outra utilidade: sendo a culpa do primeiro-ministro anterior só nos resta aceitar tudo o que seja decidido agora. Afinal de contas, Passos Coelho está apenas a resolver os problemas deixados pelo seu antecessor.

Sócrates foi, na minha opinião, logo depois de Cavaco Silva (que desperdiçou uma oportunidade histórica), o pior primeiro-ministro eleito da nossa democracia. Mas nem por isso dispenso a honestidade intelectual e o rigor na análise. Nem por isso aceito a estupidificação coletiva na interpretação de uma frase óbvia. Nem por isso aceito o simplismo político. Nem por isso resumo o debate à demonização de uma só pessoa. Que políticos ressabiados ou gente que se quer pôr em bicos de pés o façam - e não posso deixar de assinalar que Pedro Passos Coelho se recusou a entrar na gritaria e encerrou o assunto com um "acho que ninguém pode discordar" - não me espanta. Já acho mais perturbante que economistas e jornalistas de economia embarquem em tão rasteiro expediente argumentativo. Torna-se difícil dar crédito a qualquer opinião que emitam sobre qualquer outro assunto.

Escrevi-o antes das eleições em que o PS foi julgado pela democracia e escrevo-o de novo: se os problemas portugueses e europeus tivessem começado e acabado em José Sócrates bem mais fácil seria a nossa vida. E nem o confronto político desculpa a desonestidade intelectual da indignação que se instalou com a afirmação do óbvio.


...(sic)...tá dito e eu concordo!!!

Morreu uma das minhas Divas!!!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Fica em Paz Rosarita!!!

Acabo de receber mais uma triste notícia..parece que elas não acabam...
Porque sempre gostei muito de ti Rosarita, porque me vais deixar muitas saudades, aqui ficam duas músicas que tu tanto gostavas!! Um dia, cantaremos juntas num espaço novo que hoje passou a ser o teu!!! Sempre que puder darei um olhito pelas tuas filhas. Tantas horas de conversa e confidencias que hoje terminaram...vais deixar muitas saudades a quem gostava tanto de ti!!!Fica em paz!!!




...Depois da neura, veio a tristeza profunda!!
Quero acreditar que seja coisa passageira...mas o meu coração está muito muito triste!!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

bobby macferrin







simplesmente divinal!!

o lodo de Portugal- Marinho Pinto

....este post eu tinha que colocar aqui...pelo conteúdo e porque, gosto muito do Marinho Pinto!!!

A Sra ministra da justiça envergonha-se do amor...
Publicado às 00.36

Depois de andar a acusar-me de lhe dirigir ataques pessoais, a sra. ministra da Justiça veio agora responder à denúncia que eu fiz de ter usado o cargo para favorecer o seu cunhado, Dr. João Correia. Diz ela que não tem cunhado nenhum e que isso até se pode demonstrar com uma certidão do registo civil. Já antes, com o mesmo fito, membros do seu gabinete haviam dito à imprensa que ela é divorciada.
Podia explicar as coisas recorrendo à explícita linguagem popular ou até à fria terminologia jurídica que têm termos bem rigorosos para caracterizar a situação. Vou fazê-lo, porém, com a linguagem própria dos meus princípios e convicções sem deslizar para os terrenos eticamente movediços em que a sra. ministra se refugia.
A base moral da família não está no casamento, seja enquanto sacramento ministrado por um sacerdote, seja enquanto contrato jurídico homologado por um funcionário público. A base moral da família está na força dos sentimentos que unem os seus membros. Está na intensidade dos afectos recíprocos que levam duas pessoas a darem as mãos para procurarem juntas a felicidade; que levam duas pessoas a estabelecerem entre si um pacto de vida comum, ou seja, uma comunhão de propósitos existenciais através da qual, juntos, se realizam como seres humanos. Através dessa comunhão elas buscam em conjunto a felicidade, partilhando os momentos mais marcantes das suas vidas, nomeadamente, as adversidades, as tristezas, as alegrias, os triunfos, os fracassos, os prazeres e, naturalmente, a sexualidade.
O casamento, quando existe, agrega tudo isso numa síntese institucional que, muitas vezes, já nada tem a ver com sentimentos, mas tão só com meras conveniências sociais, morais, económicas ou políticas. Por isso, para mim, cunhados são os irmãos das pessoas que, por força de afectos recíprocos, partilham entre si, de forma duradoura, dimensões relevantes das suas vidas.
É um gesto primário de oportunismo invocar a ausência do casamento para dissimular uma relação afectiva em que se partilham dimensões fundamentais da existência, unicamente porque não se tem coragem para assumir as consequências políticas de opções que permitiram que essa relação pessoal se misturasse com o exercício de funções de estado, chegando, inclusivamente, ao ponto de influenciar decisões de grande relevância política.
Tal como o crime de violência doméstica pode ocorrer entre não casados também não é necessário o casamento para haver nepotismo. Basta utilizarmos os cargos públicos para favorecermos as pessoas com quem temos relações afectivas ou os seus familiares. Aliás, é, justamente, aí que o nepotismo e o compadrio são mais perniciosos, quer porque são mais intensos os afectos que o podem propiciar (diminuindo as resistências morais do autor), quer porque pode ser mais facilmente dissimulado do que no casamento, pois raramente essas relações são conhecidas do público.
Aqui chegados reitero todas as acusações de nepotismo e favorecimento de familiares que fiz à Sra. Ministra da Justiça. Mas acuso-a também de tentar esconder uma relação afectiva, unicamente porque não tem coragem de assumir as consequências políticas de decisões que favoreceram o seu cunhado, ou seja o irmão da pessoa com quem ela estabeleceu essa relação. Acuso publicamente a Sra. Ministra de tentar tapar o sol com a peneira, procurando dissimular uma situação de nepotismo com a invocação de inexistência de casamento, ou seja, refugiando-se nos estereótipos de uma moralidade retrógrada e decadente.
A sra. ministra da Justiça tem o dever republicano de explicar ao país por que é que nomeou o seu cunhado, dr. João Correia, para tarefas no seu ministério, bem como cerca de 15 pessoas mais, todas da confiança exclusiva dele, nomeadamente, amigos, antigos colaboradores e sócios da sua sociedade de advogados. Isso não é uma questão da vida pessoal da Sra. Ministra. É uma questão de estado.Nota: Desorientada no labirinto das suas contradições, a sra. ministra da Justiça mandou o seu chefe de gabinete atacar-me publicamente, o que ele, obediente, logo fez, mas em termos, no mínimo, institucionalmente incorrectos. É óbvio que não respondo aos subalternos da sra. ministra, por muito que eles se ponham em bicos de pés.

O Dr. Marinho Pinto estava inspirado....

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Já sem neura!!!

Nem Jesus aguentaria ser um professor nos dias de hoje....
O Sermão da montanha (versão para educadores)


Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.

Ele preparava-os para serem os educadores capazes de transmitir a Boa Nova a todos os homens.

Tomando a palavra, disse-lhes:
- Em verdade, em verdade vos digo:

- Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
- Felizes os misericordiosos, porque eles...?

Pedro interrompeu-o:
- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André perguntou:
- É pra copiar?

Filipe lamentou-se:
- Esqueci o meu papiro!

Bartolomeu quis saber:
- Vai sair no teste?

João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?

Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou:
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou:
- Vai contar pra nota?

Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandalhão à minha frente!

Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se:
- Eu não percebi nada, ninguém percebeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?
- Onde está a sua planificação e a avaliação diagnóstica?
- Quais são os objetivos gerais e específicos?
- Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?

Caifás emendou:
- Fez uma planificação que inclua os temas transversais e as atividades integradoras com outras disciplinas?
- E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?
- Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundo, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade.
- Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto.
- E veja lá se não vai reprovar alguém!

E foi nesse momento que Jesus disse: "Senhor, por que me abandonastes..."

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Porque hoje estou com uma grande neura...


...e porque a pior época do ano se aproxima...hoje estou assim...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ai..ai...ai...













...e o meu coração andou por lá...Palestina, Israel, Jordânia...apertadinho!!!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Fim de tarde com nevoeiro cerrado




...onde esta canção me leva...

Na Gare do Oriente!!!

Lindo!!! fascinante!







(....) deliciem-se!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Eu tambem viv(o) e não gosto...

Já vivi nesse país e não gostei
Por Isabel do Carmo
Público, 2011-11-28

O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar "verdade", que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afinal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que... Não interessa.

Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os "remediados" só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia "mais tenrinho" para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse "a fénico". Não, não era a "alimentação mediterrânica", nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.

Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de "longa" duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos "balões" ("Olha, hoje houve um "balão" na Cuf, coitados!"). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver "como é que elas iam vestidas".

Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a "obra das Mães" e fazia-se anualmente "o berço" nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem-comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).

Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fisioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos ("Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu filho"). As pessoas iam à "Caixa", que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma "boa zurrapa".

E todos por todo o lado pediam "um jeitinho", "um empenhozinho", "um padrinho", "depois dou-lhe qualquer coisinha", "olhe que no Natal não me esqueço de si" e procuravam "conhecer lá alguém".

Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema.

Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e... supremo desígnio - Madame.

Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por "mangas-de-alpaca" porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.

Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Neste Natal...


Neste Natal estamos de tanga!

Este ano não haverá presépio. Já é oficial:

A vaca está louca e não se segura nas patas;

A estrela polar apagou-se devido às restrições impostas pela troika

Os Reis Magos não podem vir porque os camelos foram para o governo;

A Nossa Senhora e o São José foram meter os papéis para o rendimento mínimo;

A ASAE fechou o estábulo por falta de condições;

O Tribunal de Menores ordenou a entrega do Menino ao pai biológico...

E até os 2 burros desapareceram: Um foi para Belém e o outro para São Bento.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Morreu Sócrates, um 'doutor' do futebol brasileiro



SÃO PAULO, 4 dez 2011 (AFP)

O ex-jogador de futebol Sócrates, que faleceu na madrugada deste domingo aos 57 anos, sempre se destacou por sua inteligência e liderança, tanto dentro como fora de campo, o que lhe valeu o respeito de seus companheiros e da exigente torcida brasileira.
Sócrates, que reconheceu recentemente ter uma lesão cirrótica no fígado provocada por sua dependência ao álcool, morreu devido a uma infecção intestinal, conforme informou o Hospital Albert Einstein de São Paulo, onde estava internado.
Irmão mais velho do também ex-jogador Raí, casado e pai de seis filhos, o ''doutor'' era um dos poucos jogadores da história do futebol brasileiro a contar com uma formação universitária, depois de ter se formado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP).
Dono de um jogo ágil e efetivo, Sócrates Brasileiro Sampaio de Sousa Vieira de Oliveira imprimiu seu selo pessoal com passes de calcanhar que marcaram sua carreira desde que estreou em 1974 no Botafogo Futebol Club de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Pouco depois, o ex-meia passou para o Corinthians, onde encantou a torcida com seus 172 gols marcados entre 1978 e 1984 e levantou a copa de três campeonatos paulistas (1979, 1982 e 1983), convertendo-se num dos maiores ídolos da apaixonada torcida alvinegra.
No ''Timão'', Sócrates foi um dos fundadores da chamada ''Democracia Corinthiana'', um movimento que surgiu na década de 1980 e na qual todas as decisões do clube, como contratações, treinamentos e concentrações, eram tomadas através da votação de todos seu integrantes.
A iniciativa, que surgiu em plena ditadura militar brasileira (1964-1985), incluía inscrições nas camisas do clube de teor político como "eu quero votar para presidente".
Em 1985, com 30 anos, Sócrates foi vendido para o clube italiano da Fiorentina, onde jogou apenas uma temporada.
Um ano mais tarde, voltou ao Brasil para jogar pelo Flamengo, onde conquistou o campeonato carioca.
Nos anos seguintes, também defendeu a camisa do Santos e voltou ao Botafogo deRibeirão Preto, onde pendurou as chuteiras em 1989, aos 35 anos.
O mítico jogador atuou ao lado de nomes como Zico e Falcão e, inclusive, foi capitão da Seleção brasileira nos Mundiais da Espanha-1982 e México-1986.
Jogador inteligente e dotado de uma incrível técnica em campo, fora dos estádios se caracterizou por ter problemas com álcool, o que admitiu depois de ter recebido alta de sua primeira internação em agosto passado, depois de uma grave hemorragia digestiva.
"Tenho um ponto cirrótico. É uma lesão que não é tão grave, mas está localizada numa região sensível do fígado", declarou em entrevista à rede Globo, admitindo que a lesão foi causada pelo álcool.
"Quem bebe cotidianamente é alcoólico", admitiu.
Os problemas com a bebida no futebol brasileiro já cobraram a vida de outro grande ídolo: Garrincha, que morreu em 1983 por causa de uma cirrose hepática.


....podia ter tido outra morte?
...um dos meus ídolos...

sábado, 3 de dezembro de 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

trimmm trimmm

trim...trim...trim...

Responde o atendedor de chamadas:

"Obrigado por ter ligado para o (Hospital) Júlio de Matos, a companhia mais
adequada aos seus momentos de maior loucura."

* Se é obsessivo-compulsivo, marque repetidamente o 1;

* Se é codependente, peça a alguém que marque o 2 por si;

* Se tem múltipla personalidade, marque o 3, 4, 5 e 6;

* Se é paranóico, nós sabemos quem é você, o que você faz e o que quer.
Aguarde em linha enquanto localizamos a sua chamada;

* Se sofre de alucinações, marque o 7 nesse telefone colorido gigante que
você, e só você, vê à sua direita;

* Se é esquizofrénico, oiça com atenção, e uma voz interior indicará o
número a marcar;

* Se é depressivo, não interessa que número marque. Nada o vai tirar dessa
sua lamentável situação;

* Mas, se VOCÊ votou PASSOS, não há solução, desligue e espere até 2013,
Aqui atendemos LOUCOS, não INGÉNUOS! Obrigado!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Earth song



...andava há muito à procura desta música.
Obrigada Americo

A TRAPEIRA DO JOB

A Revolta das Palavras - post por José António Barreiros em 2011.10.11

Isto que eu vou dizer vai parecer ridículo a muita gente.

Mas houve um tempo em que as pessoas se lembravam ainda, da época da infância, da primeira caneta de tinta permanente, da primeira bicicleta, da idade adulta, das vezes em que se comia fora, do primeiro frigorífico e do primeiro televisor, do primeiro rádio, de quando tinham ido ao estrangeiro.

Houve um tempo em que, nos lares, se aproveitava para a refeição seguinte o sobejante da refeição anterior, em que, com ovos mexidos e a carne ou peixe restante se fazia "roupa velha". Tempos em que as camisas iam a mudar o colarinho e os punhos do avesso, assim como os casacos, e se tingia a roupa usada, tempos em que se punham meias solas com protectores. Tempos em que ao mudar-se de sala se apagava a luz, tempos em que se guardava o "fatinho de ver a Deus e à sua Joana".

E não era só no Portugal da mesquinhez salazarista. Na Inglaterra dos Lordes, na França dos Luíses, a regra era esta. Em 1945 passava-se fome na Europa, a guerra matara milhões e arrasara tudo quanto a selvajaria humana pode arrasar.

Houve tempos em que se produzia o que se comia e se exportava. Em que o País tinha uma frota de marinha mercante, fábricas, vinhas, searas.

Veio depois o admirável mundo novo do crédito. Os novos pais tinham como filhos, uns pivetes tiranos, exigindo malcriadamente o último modelo de mil e um gadgets e seus consumíveis, porque os filhos dos outros também tinham. Pais que se enforcavam por carrões de brutal cilindrada para os encravaram no lodo do trânsito e mostrarem que tinham aquela extensão motorizada da sua potência genital. Passou a ser tempo de gente em que era questão de pedigree viver no condomínio fechado e sobretudo dizê-lo, em que luxuosas revistas instigavam em couché os feios a serem bonitos, à conta de spas e de marcas, assim se visse a etiqueta, em que a beautiful people era o símbolo de status como a língua nos cães para a sua raça.

Foram anos em que o campo tornou-se num imenso resort de turismo de habitação, as cidades uma festa permanente, entre o coktail party e a rave. Houve quem pensasse até que um dia os serviços seriam o único emprego futuro ou com futuro.

O país que produzia o que comíamos ficou para os labregos dos pais e primos parolos, de quem os citadinos se envergonhavam, salvo quando regressavam à cidade dos fins de semana com a mala do carro atulhada do que não lhes custara a cavar e às vezes nem obrigado.

O país que produzia o que se podia transaccionar esse ficou com o operariado da ferrugem, empacotados como gado em dormitórios e que os víamos chegar, mortos de sono logo à hora de acordarem, as casas verdadeiras bombas relógio de raiva contida, descarregada nos cônjuges, nos filhos, na idiotização que a TV tornou negócio.

Sob o oásis dos edifícios em vidro, miragem de cristal, vivia o mundo subterrâneo de quantos aguentaram isto enquanto puderam, a sub-gente. Os intelectuais burgueses teorizavam, ganzados de alucinação, que o conceito de classes sociais tinha desaparecido. A teoria geral dos sistemas supunha que o real era apenas uma noção, a teoria da informação, substituía os cavalos-força da maquinaria pelos megabytes de RAM da computação universal. Um dia os computadores tudo fariam, o ser humano tornava-se um acidente no barro de um oleiro velho e tresloucado, que caído do Céu, morrera pregado a dois paus, e que julgava chamar-se Deus, confundindo-se com o seu filho e mais uma trinitária pomba.

Às tantas os da cidade começaram a notar que não havia portugueses a servir à mesa, porque estávamos a importar brasileiros, que não havia portugueses nas obras, porque estávamos a importar negros e eslavos.

A chegada das lojas dos trezentos já era alarme de que se estava a viver de pexibeque, mas a folia continuava. A essas sucedeu a vaga das lojas chinesas, porque já só havia para comprar «balato». Mas o festim prosseguia e à sexta-feira as filas de trânsito em Lisboa eram o caos e até ao dia quinze os táxis não tinham mãos a medir.

Fora disto os ricos, os muito ricos, viram chegar os novos-ricos. O ganhão alentejano viu sumir o velho latifundário absentista pelo novo turista absentista com o mesmo monte mais a piscina e seus amigos, intelectuais claro, e sempre pela reforma agrária e vai um uísque de malte, sempre ao lado do povo e já leu o New Yorker?

A agiotagem financeira essa ululava. Viviam do tempo, exploravam o tempo, do tempo que só ao tal Deus pertencia mas, esse, Nietzsche encontrara-o morto em Auschwitz. Veio o crédito ao consumo, a conta-ordenado, veio tudo quanto pudesse ser o ter sem pagar. Porque nenhum banco quer que lhe devolvam o capital mutuado quer é esticar ao máximo o lucro que esse capital rende.

Aguilhoando pela publicidade enganosa os bois que somos nós todos, os bancos instigavam à compra, ao leasing, ao renting ao seja como for desde que tenha e já, ao cartão, ao descoberto autorizado.

Tudo quanto era vedeta deu a cara, sendo actor, as pernas, sendo futebolista, ou o que vocês sabem, sendo o que vocês adivinham, para aconselhar-nos a ir àquele balcão bancário buscar dinheiro, vender-mo-nos ao dinheiro, enforcar-mo-nos na figueira infernal do dinheiro. Satanás ria. O Inferno começava na terra.

Claro que os da política do poder, que vivem no pau de sebo perpétuo do fazer arrear, puxando-os pelos fundilhos, quantos treparam para o poder, querem a canalha contente. E o circo do consumo, a palhaçada do crédito servia-os. Com isso comprávamos os plasmas mamutes onde eles vendiam à noite propaganda governamental, e nos intervalos, imbelicidades e telefofocadas que entre a oligofrenia e a debilidade mental a diferença é nula. E contentes, cretinamente contentinhos, os portugueses tinham como tema de conversa a telenovela da noite, o jogo de futebol do dia e da noite e os comentários políticos dos "analistas" que poupavam os nossos miolos de pensarem, pensando por nós.

Estamos nisto.

Este fim de semana a Grécia pode cair. Com ela a Europa.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

PARABÉNS Minha Filha!!! 17 de Novembro de 2011.

...as palavras já nem fluem como antigamente..no entanto eu contínuo aqui para ti e para a tua vida!!
O meu AMOR MAIOR, a minha ternura, a minha disponibilidade e o meu afecto cada vez maior e cada vez mais forte (se possível..).

Há um ano, postei aquela musica que te adormecia...hoje posto uma que ambas gostamos e ambas cantamos...aqui vai...

Beijo doce, repenicado e à esquimó!!! Muam muam...


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ne Me Quitte Pas

On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quite pas

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Parabéns Ana Bela




...já lá vão 50 anos e em quase todos estes anos nos falámos neste dia!!
Há anos dei-te um ramo de rosas pessoalmente..nos tempos em que ficávamos até às tantas de conversas e lágrimas!!!
Hoje, dou-te na mesma a mesmíssima coisa - a minha AMIZADE incondicional, a minha disponibilidade e a minha, às vezes, tresloucada maneira de ser... que te faz rir.
Aqui vão as minhas flores (ainda que virtuais..)
Até logo


...psst..esqueci-me da Kika!!! aqui a tens

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

tou assim...




...a coisa está feia...farta de aturar incompetências...

..E SE TODOS NÓS ENVIASSEMOS CARTAS DESTAS PARA A ALEMANHA??

Quem deve o quê a quem

Há algum tempo, foi publicada , na revista, Stern uma "carta aberta" de um cidadão alemão, WalterWuelleenweber, dirigida a "caros gregos", com um título e sub-título: Depois da Alemanha ter tido de salvar os bancos, agora tem de salvar também a Grécia Os gregos, que primeiros fizeram alquimias com o euro, agora, em vez de fazerem economias, fazem greves
Caros gregos
Desde 1981 pertencemos à mesma família.Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum, com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo da U.E.Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo.Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos. O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.No essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro.

Desde a sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade. Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de consumoVocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a responsabilidade. Não digam, por isso, que só os políticos têm a responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e têm.Os gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional.Mas, agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!!!
Na semana seguinte, Stern publicou uma carta aberta de um grego, dirigida a Wuelleenweber:

Caro Walter,

Chamo-me Georgios Psomás. Sou funcionário público e não "empregado público" como, depreciativamente, como insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus compatriotas.O meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!... não vás pensar que por dia, como te querem fazer crer no teu País. Repara que ganho um número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao teu, que é de vários milhares.Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais), telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc.. Se me esqueço de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto de sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são fabricados nas fábricas alemãs.A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia. Para ele contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes "comissões" aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados de costas para o ar.Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE, da JUSTIÇA e do CORRECTO.

Estimado Walter,Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou. QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a Grécia.Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações estipuladas), e que consistem em:1. Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;2. Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.3. Os empréstimos em obrigações que contraíu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares durante todo o período de ocupação.4. As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de povoados inteiros, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.5. As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil mortos em campos de concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc., et.).6. A tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos ideais humanísticos da cultura grega.

Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada o que escrevo. Lamento-o.Mas mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas.Amigo Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do teu País, as que têm lucros anuais de 6,5 mil milhões de euros. Muito em breve, se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque cada vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda.

Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do Praktiker, da IKEA.Mas vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por ai os vai obrigar a baixar o seu nível de vida, Perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia?Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes "compatriotas" da Eurozona) pretendem que saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde.Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que jogamos se consumirmos os produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.

E, finalmente, Walter, devemos "acertar" um outro ponto importante, já que vocês também disso são devedores da Grécia:EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!!! Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nosos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de Roma e de Londres.E EXIJO QUE SEJA AGORA!! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.

Cordialmente, Georgios Psomás


...é longo o texto, mas é verdadeiro!!! Eu adorei!!!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Poema de fim de manhã..

O Homem e a Mulher

O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.

Deus fez para o homem um trono.
Para a mulher, um altar.
O trono exalta.
O altar santifica.

O homem é o cérebro; a mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz Amor.
A luz fecunda.
O Amor ressuscita.

O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence.
As lágrimas comovem.

O homem é capaz de todos os heroísmos.
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece.
O martírio sublima.

O homem tem a supremacia.
A mulher, a preferência.
A supremacia significa a força.
A preferência representa o direito.

O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.

A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande.
A virtude faz tudo divino.

O homem é um código.
A mulher, um evangelho.
O código corrige.
O evangelho aperfeiçoa.

O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano.
A mulher um lago.
O oceano tem a pérola que adorna.
O lago, a poesia que deslumbra.

O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.

O homem é um templo.
A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos.
Ante o sacrário nos ajoelhamos.

Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
E a mulher onde começa o céu.
(victor Hugo)

Sempre!!!



todo o esquecimento...

psst...aqui em cima

peaceful

o "som" do dia!!!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

..e para me corrigir...

Você não me ensinou a te esquecer - Caetano

A Amizade é uma coisa muito linda...ou não (digo eu...)

"A Dívida de Gratidão ?




Naqueles longínquos anos 80, o Prof. Aníbal Cavaco Silva era docente na Universidade Nova de Lisboa.

Mas o prestígio académico e político que entretanto granjeara, (recorde-se que havia já sido ministro das Finanças do 1º Governo da A.D.) cedo levaram a que fosse igualmente convidado para dar aulas na Universidade Católica.

Ora, embora esta acumulação de funções muito certamente nunca lhe tivesse suscitado dúvidas ou sequer provocado quaisquer enganos, o que é facto é que, pelos vistos, ela se revelou excessivamente onerosa para o Prof. Cavaco Silva.

Como é natural, as faltas às aulas obviamente às aulas da Universidade Nova começaram a suceder-se a um ritmo cada vez mais intolerável para os órgãos directivos da Universidade.

A tal ponto que não restou outra alternativa ao Reitor da Universidade Nova, na ocasião o Prof. Alfredo de Sousa, que não instaurar ao Prof. Aníbal Cavaco Silva um processo disciplinar conducente ao seu despedimento por acumulação de faltas injustificadas.

Instruído o processo disciplinar na Universidade Nova, foi o mesmo devidamente encaminhado para o Ministério da Educação a quem, como é bom de ver, competia uma decisão definitiva sobre o assunto.

Na ocasião era ministro da Educação o Prof. João de Deus Pinheiro.

Ora, o que é facto é que o processo disciplinar instaurado ao Prof. Aníbal Cavaco Silva, e que conduziria provavelmente ao seu despedimento do cargo de docente da Universidade Nova,foi andando aos tropeções, de serviço em serviço e de corredor em corredor, pelos confins do Ministério da Educação.

Até que, ninguém sabe bem como nem porquê, desapareceu sem deixar rasto...

E até ao dia de hoje nunca mais apareceu.

Dos intervenientes desta história, com um final comprovadamente tão feliz, sabe-se que entretanto o Prof. Cavaco Silva foi nomeado Primeiro-ministro.

E sabe-se também que o Prof. João de Deus Pinheiro veio mais tarde a ser nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros de um dos Governos do Prof. Cavaco Silva, sem que tivesse constituído impedimento a tal nomeação o seu anterior desempenho, tido geralmente como medíocre, à frente do Ministério da Educação.

Do mesmo modo, o seu desempenho como ministro dos Negócios Estrangeiros, pejado de erros e sucessivas gaffes, a tal ponto de ser ultrapassado em competência e protagonismo por um dos seus jovens secretários de Estado, de nome José Manuel Durão Barroso, não constituiu impedimento para que o Primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva viesse mais tarde a guindar João de Deus Pinheiro para o cargo de Comissário Europeu.

De qualquer modo, e como é bom de ver, também não foi o desempenho do Prof.João de Deus Pinheiro como Comissário Europeu, sempre pejado de incidentes e críticas, e de quem se dizia que andava por Bruxelas a jogar golfe e pouco mais, que impediu mais tarde o Primeiro-ministro Cavaco Silva de o reconduzir no cargo.

A amizade é, de facto, uma coisa muito bonita...


(Maria Encarnação Gorgulho Santos)

quietude

O "som" do dia!!!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Pavilhão Atlântico ao rubro!! - 03-11-2011

Nunca duas vozes se casaram tão bem!!!
Um palco onde apenas uma bola gigante, as duas violas, duas cadeiras e as duas potentes vozes!!
Várias vezes o Pavilhão foi ao rubro...ele o monstro sagrado da MPB - ela a voz doce e fora do vulgar da nova geração que canta tambem bossa nova!!!
Soube a pouco...a muito pouco - de um lado, do Caetano, faltaram muitas que são emblemáticas...dela...Ne me quitte pas, foi a que mais doeu não ter ouvido!!!

Vários "encore"...um Pavilhão completamente cheio!!!
Valeu Caetano, valeu Maria Gadú!!!





quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Alessandro Safina!!

...em dia chuvoso como o de hoje apetece ser Luna e ouvi-la numa das vozes mais bonitas a solo!!!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Lindo...palavras para quê???

Arrepia mesmo!!!

Não me canso de a repetir!!! Esta é, além de há muito tempo gostar dela, uma das minhas músicas preferidas!!Estas três vozes com a deslumbrante gaita de foles, leva-nos a um Paraíso que eu quero para mim!!
Da Judy Collins até eles...o tempo é quase o mesmo porque a emoção é sempre muito grande!....

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sempre!!!




porque não vou comemorar o Dia das Bruxas...

...porque bruxinha sou eu...
Depois de um fim de semana no Vale, de um jantar muito bom de arroz de lebre na Praia Fluvial da Benquerença com companhia excelente, deixo aqui uma nostalgia grande com estas três musicas!!!



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Arlindo de Carvalho - Cine Teatro de Castelo Branco

""Canções de uma Vida" foi o espectáculo que Arlindo de Carvalho levou ao Cine Teatro Avenida, em Castelo Branco, no dia 22 de Outubro, pelas 21H30.

Define este evento como "um espectáculo único e irrepetível", com o qual pretendeu brindar os albicastrenses, "por todo o apoio que sempre deram" à sua carreira."

Colégio da Cerdeira parte III




Actualidade

Colégio da Cerdeira II




COLÉGIO DA CERDEIRA – 2011
(80º aniversário da abertura do Colégio / 50º aniversário da minha entrada)



1962 a 1967(????)



memórias soltas em palavras

Dessa casa de pedras frias que aqueceram emoções
que tanta vez brotou em turbilhão à flor da pele...
Emoções sem as quais a vida não teria o mesmo sentido...
Porque ter passado pelo colégio
É sentir orgulho de ser Gente
Aquela... que é diferente!
(Lena Guerra)



Comemorar 80 anos da existência como Escola Cristã de uma instituição onde, para o mal e para o bem se entrou com 9 aninhos é motivo de orgulho! Fi-lo no fim de semana de 1 de Outubro de 2011. Comovente??? Não sei…doeu ter visto um Colégio (foi assim que se começou a chamar) já lá vão muitos anos. O “meu” colégio nada tem do que eu deixei…já não há Nicho com a imagem de Nª. Srª. em terracota. - já não existe o dormitório grande das meninas internas…nem o dormitório das cortinas tão ao nosso gosto…
O quarto da Irmã Ritinha…é hoje uma capela….as freiras dormem agora em quartos individuais com casa de banho privativa…evolução dos tempos…mas este colégio nada de diz…
Ficou a tília frondosa…o pátio onde tanto joguei à bola (mata) pareceu-me muito pequeno…o refeitório que eu achava ser de uma enormidade puf…pequeno…muito pequeno…ou seria eu que era muito pequena???
Como este Colégio já nada me diz…ficou a lembrança…uma lembrança de muitas e boas amizades, algumas que ainda hoje continuam!!!

Recordo os espaços… e o que neles se ia vivendo, à distância de meio século, consciente embora de que a memória nos atraiçoa… e muito! e é também uma amiga em quem não se pode confiar.

A porta duma casa antiga que se abre.

Num 1º andar, o dormitório grande (já não existe hoje…) – que os outros, mais pequenos e mais apetecíveis, eram para as mais velhas! – que escondia, por debaixo das inúmeras camas enfileiradas, pequenas bacias de plástico azuis, que à noite recebiam a água morna distribuída pela irmã Aurora ( para as lavagens mais íntimas, de luz apagada), e as colchas brancas nas camas que davam uma uniformidade engraçada ao dormitório.


No andar de baixo, integrada no edifício, a capela esperava-nos diariamente, cedinho de mais, para a missa matinal. Acolhedor o lugar (hoje bem mais larga a Capela, mais moderna, mas linda na mesma..)

Também no mesmo piso, talvez com acesso por duas ou três escadinhas, era o refeitório, que nos alimentava o corpo, mas fornecia também alguns nutrientes mais nobres: as refeições eram precedidas de uma oração e terminadas com outra.
Era nesse mesmo espaço que, uma vez por semana, nos eram distribuídas, divididas nós por grupos, as tarefas de limpeza em que colaborávamos e que só nos agradavam porque garantiam um tempo sem aulas em que estávamos juntas e conversávamos.

Num dos anos, eram minhas companheira de refeições as manas da Rapoula, mais novinhas que eu (eu era a chefe de mesa..) primas do Quim (dos Ameais)Fonseca que eu viria a namorar anos mais tarde.

Dando para o exterior, ao nível do chão, e fazendo esquina, integrada na casa antiga a que se acedia por outra porta de onde surgiam as professoras, estava a nossa sala de aulas, do 3º , 4º e 5º anos. Bem localizada, no conjunto.
Recordo as aulas, de Português e de Matemática, da irmã Ritinha, uma voz segura e sedutora – de quem eu não gostava – uma mulher dinâmica e com muito saber, responsável por todas nós e atenta a tudo o que se passava.
Havia também a D. Elisa – que não freira e me pôs a aprender todo o Inglês. O Francês e o grosso Bensabat, que condensava todas as regras gramaticais que tínhamos que conhecer foi-me dado a saber e a conhecer pela Irmã Pereira que tinha uma deficiência na voz (falava cioso, como nós dizíamos). Dizia-se que a irmã Ritinha, quando ia a Lisboa, despia a indumentária do quotidiano e parecia outra pessoa.
De vez em quando, entrava na sala uma irmã a chamar uma de nós. A irmã Ritinha queria um encontro a sós, ou “para tirar dúvidas”, após pedido, ou por outras que não seriam as melhores razões. Estavam geralmente envolvidos os segredos, as conversinhas de adolescentes, os caderninhos secretos – cuja capa ou página de rosto exibia a inicial ornamentada do nome da autora – que circulavam cheios de mensagens, às vezes também desenhadas e pintadas, onde se misturavam imaginação, sonhos e realidade, e que originavam comportamentos nem sempre considerados desejáveis.
Para a rebeldia que despontava na minha alma em desenvolvimento, assumiam tais chamadas uma forma de auto-afirmação e de autonomização, desafiando o estabelecido. O mesmo se passava quando, disfarçadamente, comunicávamos durante os tempos de estudo.

Quebrando também a rotina diária, aparecia na sala, uma vez por semana, a irmã Rosalina que simpaticamente nos preparava um banho de imersão. Chamava uma de cada vez e conduzia-a, por zonas habitualmente interditas, a uma casa de banho, nem sempre a mesma, algures escondida nos meandros labirínticos do edifício. E era saboroso!


Outro espaço não menos importante e que nos enchia de adrenalina era o do jogo do mata, um pátio enorme, sobre o comprido. Eu jogava particularmente bem. E admirava e muito o modo certeiro da Olívia e da Marina a “matar” ou apanhar aquela bola voadora. Até as freiras jogavam connosco.

Num dos lados desse pátio do recreio, subindo uma escada exterior, lateral, acedia-se ao salão, muito amplo, onde, além das aulas de Lavores dadas pela D. Irene – afinal havia outra professora e que também não era freira, nem era muito nova, que nos ensinava a bordar e me levou a fazer uns panos individuais que ainda conservo e hoje, não na altura, acho de muito bom gosto…
Não podíamos estar sentadas: cantávamos, dançávamos, andávamos à roda, gastávamos as últimas energias do dia. Aprendi sobretudo muitas cantigas populares portuguesas, que apreciava, assim cantadas em conjunto. Revejo aí a Elisa Costa Pinto, A Dulce Pascoal e a Fernanda Marcos. Uns anos mais novinhas, a Catarina Manso a Isaltina, a Clemência e a Cristina Rocha Rodrigues.

Quando, a partir da sala de aula, se saía para o exterior, encontrávamos um outro espaço aberto, também para os recreios. Aí passeávamos e, na hora do lanche, comíamos uma boa fatia de pão, particularmente gostosa quando o pão era fresco e vinha coberto com margarina ou marmelada

Aos domingos, e quando a família não aparecia para uma visita (quase nunca aparecia), mudávamos de contexto e o jogo do mata transferia-se para outro campo, fisicamente mais aberto – no caminho da Parada?! – após uma boa caminhada a pé.


A propósito da comunicação com o exterior, vêm-me à memória outras curiosidades que, olhando para trás, me fazem sorrir: havia controlo e lápis azul na correspondência, na que entrava e na que saía. Em relação à primeira, comecei a ter consciência de que deveria haver direitos invioláveis, também para os mais novos. Em relação à segunda, aprendi a adequar estratégias: as cartas eram levadas para o correio por uma amiga externa, a Leontina ou Teresinha Fontes.

Evoco finalmente a importância dos laços que nos uniam – para lá das batas-pretas-com-golinha-branca, todas iguais, ou dos vestidos-azuis-escuros-com-preguinhas-na-frente, todos iguais – e surgem-me também a minha querida Ana Bela (na carteira logo à entrada da sala, atrás da porta no meu primeiro ano de colégio e que 4 anos e dois meses depois saíu e foi para o Colégio de Vilar Formoso e de quem até hoje foi a minha AMIGA de SEMPRE - a Lélé, a Celeste Conde a Elisa a Dulce a Fernanda a Catarina e tantas outras entre tantos rostos sem nome. E zango-me às vezes com esta outra marca da idade, o esquecimento, que é indesligável da memória que me permite voltar a reviver, com ternura, o passado.

"Para terminar, dois apelos: que a memória nos permita, enquanto pudermos saborear os dias, continuar a reactualizar o passado, e que a vida nos surpreenda, pelo menos de vez em quando, com o prazer de bons reencontros"!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Bom fim de semana

Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas

"Além do perfume fica a gentileza e a amizade de quem oferece.
Isto, se a sinceridade for tão verdadeira como as rosas que se têm entre as mãos, pois se ela não estiver lá, mais vale não oferecer nada, e ignorarem - se essas mãos"

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cada tiro cada melro!!!


Ahahahah!!!

Olá!!



Hoje sinto-me assim...pobre, mas com gostos caros!!!

Tradução do discurso de Passos Coelho

Fechem-se em casa.
Se tiverem a sorte de ter uma casa ou de conseguir pagar a renda de uma casa que nunca vai ser vossa.
Não se mexam para não gastarem energias que podem vir a precisar depois para trabalhar. Quanto mais se mexerem mais fome terão e sede. Evitem comer e beber, principalmente beber, porque vamos aumentar os impostos até sobre as bebede...ir
as. Nunca vão comer a restaurantes, nunca saiam para se divertir, nunca mas nunca vão de férias.
Saiam de casa apenas e só para ir trabalhar (de preferência vão a pé), sejam produtivos apesar de completamente desmotivados, esforcem-se por agradar aos patrões para não serem despedidos, ainda que vos peçam coisas que nada têm a ver com as vossas funções, ainda que vos maltratem, ainda que vos obriguem a trabalhar horas extra sem receber nada por isso, ainda que sejam explorados e estejam a recibos verdes (com patrão), ainda que sejam licenciados e estejam a receber o mesmo que um trabalhador sem formação, ainda que vos batam com um pau.
Aceitem tudo para não serem despedidos porque se vocês não quiserem há mais 100 ou 200 escravos prontos para fazerem o mesmo que vocês ou ainda mais por menos ordenado.
E os subsídios de desemprego... já se sabe, vão ser menores e por menos tempo... ninguém quer ir para o desemprego só porque não aceitou limpar os sapatos ao patrão com a língua, pois não? Portem-se com juízo, sejam cordeirinhos, aceitem tudo.
Não comprem música, arte, não vão a museus, não visitem exposições, não comprem livros, não vão passear pelo campo: tudo isso são gastos desnecessários, ninguém morre por não ter acesso à cultura.
Não comprem prendas de Natal, nem de aniversário, nem de nada. Toda a agente vai perceber porque eles próprios também não têm dinheiro para as comprar.
Não mimem os vossos filhos com um doce sequer, porque depois vão ter de ir ao dentista com eles e isso, já se sabe, vai-vos ficar caro.
Aliás, estamos todos proibidos de adoecer, de engravidar, de partir uma perna ou espirrar sequer. O Estado não tem orçamento para baixas médicas, subsídios de maternidade e ainda suportar as despesas de saúde das pessoas que decidiram que tinham de nascer em Portugal.
Que azar termos nascido em Portugal, daqui para a frente não devia de nascer mais ninguém em Portugal!
Ouviram casais jovens que pensam em ter filhos? Esqueçam isso, só vos vão dar mais despesas e preocupações... e se são daqueles que fumam (mais) por terem preocupações, esqueçam isso também: o imposto sobre o tabaco (que dá lucro ao Estado, mesmo depois de pagar todas as despesas com a saúde dos fumadores) também vai aumentar e quando virem o preço vão perceber porque é nos maços está a avisar que "fumar pode aumentar o risco de ataques cardíacos".
Finalmente se já forem velhinhos, se trabalharam toda a vida para sustentar este ser virtual e egocêntrico que se chama Estado, que tudo vos pede e nada vos dá, se a única alegria que têm na vida é ir nas excursões do turismo sénior (esqueçam, esqueçam o turismo sénior...) ou dar uma notita aos vossos netos no Natal para ver um sorriso a nascer de quem nasceu de vós, dêm graças ao Alzeimer porque só ele vos pode ajudar a esquecer a merda de país em que "escolhemos" nascer.
Até sempre

terça-feira, 18 de outubro de 2011

..esta está de morte!!!

Com uma azia....




Os sacrificios do dito cujo...

"Cavaco Silva foi aos Açores por 5 dias com a sua mulher e mais 30 pessoas,(pelo menos é este o número oficial dado a conhecer aos jornalistas, ou seja, que se quer passar aos portugueses).

Gostava que o senhor presidente explicasse a gente ignorante como eu, porque precisa levar consigo 12 agentes de segurança (que risco corre nas Ilhas portuguesas e pacatíssimas como são as dos Açores?).
O chefe da casa civil (mais a mulher), quatro assessores, dois consultores, o médico pessoal, uma enfermeira e cúmulo do ridículo, do supérfluo, do exagero e do fútil dois bagageiros, dois fotógrafos oficiais e
um mordomo como se nos Açores não houvesse ninguém para os, muito bem, receber.
Disse Cavaco à chegada ao arquipélago "-Ninguém está imune aos sacrifícios." E esta hein?. Digam lá que não parece o Frei Tomás...Podemos concluir então, que em tempo de vacas gordas a comitiva seria de dimensões mais provocadoras.....Na primeira página do jornal eu poria esta noticia Para não passar despercebida a nenhum membro da ditosa comitiva e principalmente da pessoa que a encabeça

O Silva das vacas!

Definitivamente eu não gosto deste homem, definitivamente me agrada tudo o que tendo a ver com ele, o caracteriza...paciência..não gosto e não gosto mesmo!!!

O Silva das vacas

Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:

"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."

Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.
Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum: "Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano!
Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!
Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.
A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". Depreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente.
Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:

"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."

Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.
Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum: "Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano!
Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!
Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.
A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". Depreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente.
Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:

"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças. A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."

Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.
Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum: "Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano!
Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!
Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.
A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". Depreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente.

"Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 05 de Outubro de 2011"