quarta-feira, 30 de dezembro de 2015



Gosto de ti calada (Poema 15)
Gosto de ti calada porque estás como ausente,
e me ouves de longe, e esta voz não te toca.
Parece que os teus olhos foram de ti voando
e parece que um beijo fechou a tua boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
tu emerge das coisas, cheia da alma minha.
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma,
e pareces-te com a palavra melancolia.

Gosto de ti calada e estás como distante.
E estás como queixando-te, borboleta em arrulho.
E ouves-me de longe, e esta voz não te alcança:
vais deixar que eu me cale com o silêncio teu.

Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples.

Gosto de ti calada porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se houvesses morrido.
Uma palavra então, um teu sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre porque não é verdade.

(Pablo Neruda (n. Parral, Chile 1904; m. 23 Set 1973 em Santiago)
in Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada )
(Publicações Dom Quixote)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Lady, I'm your knight in shining armor and I love you




You have made me what I am and I am yours
My love, there's so many ways I want to say I love you
Let me hold you in my arms forever more

You have gone and made me such a fool
I'm so lost in your love
And oh, we belong together
Won't you believe in my song

Lady, for so many years I thought I'd never find you
You have come into my life and made me whole
Forever let me wake to see you each and every morning
Let me hear you whisper softly in my ear

In my eyes I see no one else but you
There's no other love like our love
And yes, oh yes, I'll always want you near me
I've waited for you for so long

Lady, your love's the only love I need
And beside me is where I want you to be
'Cause, my love, there's somethin' I want you to know
You're the love of my life, you're my lady

Hoje sabe bem ouvir!!

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

quarta-feira, 25 de novembro de 2015



"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
Charles Chaplin

RECONHECEM??? EU SIM...1976/1977???

A 1ª. "selfie" de 2008

Meca? Não..... Não é MECA. Isto é em Lisboa, dia 5 Outubro 2015, 2ª Feira, às 8h30m, em pleno Martim Moniz.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

terça-feira, 17 de novembro de 2015

PARABÉNS MINHA FILHA!! 17-11-2015


Que dizer para a minha pequena jóia?? O que sempre te digo e o que sempre te dou - o meu amor incondicional, a minha presença sempre que precises dela, a minha ternura e todo mas todo o meu AMOR!! Minha carochinha linda, meu amparo, minha ventura! SÊ FELIZ minha FILHA! Adoro-te
Mãe

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

terça-feira, 10 de novembro de 2015

segunda-feira, 2 de novembro de 2015


HOJE. 01-11.2015

De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte,
da procura um encontro!

Fernando Sabino, in O Encontro Marcado

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

23-24-25 de Outubro!!!...e o amor aconteceu!

The Sound Of Silence

Hello darkness, my old friend
I've come to talk with you again
Because a vision softly creeping
Left its seeds while I was sleeping
And the vision that was planted in my brain
Still remains within the sound of silence

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone
'Neath the halo of a street lamp
I turned my collar to the cold and damp

When my eyes were stabbed
By the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more
People talking without speaking
People hearing without listening

People writing songs
That voices never share



And no one dare
Disturb the sound of silence

"Fools" said I, "you do not know
Silence like a cancer grows
Hear my words that I might teach you
Take my arms that I might reach to you"
But my words like silent raindrops fell
And echoed in the wells of silence

And the people bowed and prayed
To the neon God they made
And the sign flashed out it's warning
And the words that it was forming

And the sign said
"The words of the prophets
Are written on the subway walls
And tenement halls"
And whispered in the sound of silence

terça-feira, 27 de outubro de 2015

terça-feira, 20 de outubro de 2015



No começo foi apenas passatempo
Mas o tempo foi passando devagar
Sem querer eu fui chegando, me envolvendo
E de repente já gostava de você.
Comecei a tomar conta do seu tempo
E a sentir que não podia te perder
Mesmo assim fui te perdendo pouco a pouco
E a saudade é o que me resta de você.
Passa o tempo só não passa essa saudade você quis brincar de amor
e eu te amei
Passa tudo só não passa esse certeza
Que não fui na sua vida o que pensei.
E agora o tempo passa tão sem graça
Faz pirraça, tem preguiça de passar
Sem você o que me resta é muito tempo
Muito espaço e muito nada pra esperar.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

sexta-feira, 2 de outubro de 2015





SOLIDÃO – MIGUEL TORGA

Pouco a pouco, vamos ficando sós,
Esquecidos ou lembrados
Como nomes de ruas secundárias
Que a custo recordamos
Para subscritar
A urgência de um beijo epistolar
Ainda inutilmente apetecido.
Mortos sem ter morrido,
Lúcidos defuntos,
Vemos a vida pertencer aos outros.
E descobrimos, na maneira deles,
Que nada somos
Para além do seu dissimulado
Enfado
Paciente.
E que lá fora, diariamente,
Conforme arde no céu,
O sol aquece
Ou arrefece
Os versáteis e alheios sentimentos.
E que fomos riscados
No rol da humanidade
A que já não pertencemos
De maneira nenhuma.
E que tudo o que em nós era claridade
Se transformou em bruma.
Diário XVI , Coimbra 20 de Julho de 1992

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

terça-feira, 29 de setembro de 2015

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

terça-feira, 22 de setembro de 2015


Quero beber o mel de sua boca
Como se fosse uma abelha rainha
Quero escrever na areia sua história
Junto com a minha
E no acorde doce da guitarra
Tocar as notas do meu pensamento
E em cada verso traduzir as fibras
Do meu sentimento

Que estou apaixonado
Que este amor é tão grande
Que estou apaixonado
E só penso em você a todo instante
Eu quero ser o ar que tu respiras
Eu quero ser o pão que te alimenta
Eu quero ser a água que refresca
O vinho que te esquenta
E se eu cair, que caia em seu abraço
Se eu morrer, que morra de desejo
Adormecer dizendo que te amo
E te acordar com um beijo

Que estou apaixonado
Que este amor é tão grande
Que estou apaixonado
E só penso em você a todo instante
Quero sair contigo em noite enluarada
Dois adolescentes pela madrugada
Pra viver a vida sem pensar em nada
Que estou apaixonado
Que este amor é tão grande
Que estou apaixonado
E só penso em você a todo instante
Que estou apaixonado
Que este amor é tão grande
Que estou apaixonado
E só penso em você a todo instante



quinta-feira, 3 de setembro de 2015



Poema de Luís Filipe Sarmento

Esta é a Europa das fraudes, dos impedimentos, do desprezo
humano, da corrupção, das proibições, das barreiras,
dos muros da vergonha, das cortinas que escondem misérias,
do assalto às multidões. Esta é a Europa sem memória,
da festa dos eleitos em reuniões clandestinas em hotéis de luxo,
da manipulação, da destruição da esperança, do holocausto
programado. Esta é a Europa sem solidariedade,
que assassina a fraternidade entre povos, que vilipendia
a diferença, que envilece culturas, que promove mortandades.
Esta é a Europa da globalização da pobreza e da miséria,
da normalização digital das mentes, dos alimentos, das medidas,
das fardas virtuais, da descaracterização do homem regional.
Esta é a Europa dos criminosos, dos assassinos, dos corruptos,
dos títeres, das marionetas, dos vermes. Esta é a Europa
dos cadáveres, do sangue putrefacto, da prosa enlameada
pelos detritos das fortunas roubadas às nações. Esta é a Europa
que deflagrou a democracia, a política, o consenso,
a Europa que se suicida dia a dia nos cadafalsos da especulação,
dos famigerados mercados, das bolsas e dos seus carrascos.
Esta Europa é um imenso Vesúvio, de múltiplas crateras, o terramoto da vergonha, o dilúvio da ambição, o esgoto do caos.
Esta Europa é uma Comissão de loucos, fanáticos, cobardes,
o buraco negro da dignidade humana.

Luís Filipe Sarmento, «A Casa dos Mundos Irrepetíveis»,

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

terça-feira, 1 de setembro de 2015

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Em 17 de Agosto de 2015


Responsável indirecto da mudança de página! Tó Reis


(Presidente da Junta de Freguesia de Vale da Senhora da Póvoa)

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

sexta-feira, 17 de julho de 2015

quarta-feira, 15 de julho de 2015

quinta-feira, 9 de julho de 2015


MARIA HELENA SACADURA CABRAL

MÃE DO VICE 1º MINISTRO, ESCREVEU


Ontem tive o azar de apanhar o PM do país onde nasci, a explicar das suas razões para uma mais que certa retroactividade de cortes aos pensionistas "que estão a receber".
Fui educada numa família de gente séria que trabalhava para sustentar os seus e que considerava ser essa a obrigação de todos aqueles que tinham decidido constitui-la.
Trabalho para viver do modo que sempre vivi, pois a reforma que recebo e o que este Estado me tira - estou a ser educada - não me permitiriam viver apenas dela.

E tenho a sorte de ainda haver quem prefira comprar um livro meu a uma camisola básica. Essa é que é essa.

Dito isto, desliguei a televisão irritadíssima. Pronunciei alto umas palavras que não costumo usar e deitei-me.

Tive uma noite de insónia, revoltada com o que ouvira e decidi que ninguém me poria a vista em cima neste fim de semana. Era a minha única forma de evitar eventuais desaguisados.

Hoje levantei-me e fui à missa pela minha Mãe, que faria anos se fosse viva. E sabem que mais?

Fui comer sardinhas assadas lá para as bandas do Tejo, beber sangria e caminhar ao sol. Desanuviei

A Dra. Maria Luis e a reforma do Estado podem levar-me a pensão, podem levar-me o pouco que tenho no banco para uma doença, mas não hão-de conseguir nem levar-me a voz, nem levar-me a alegria de estar viva.

Porque eu não quero e porque eu não deixo!

Publicada por Helena Sacadura Cabral

Do Blog Abrupto



A REDACÇÃO DA VACA A BOMBAR


José Pacheco Pereira

A vaca, perdão Portugal, é um bonito país. Tem sol e mar, areias, velhos monumentos, bons costumes, eucaliptos, pastéis de Belém, e tuk tuks. Em Portugal, as plantas crescem para cima, mas se for preciso, com a força de vontade dos portugueses, também crescem para baixo. Nós podemos sempre fazer o que queremos, diz o ministro do "bombar". É só força de vontade, que para os portugueses não há dificuldades. Não somos gregos. Mas eu queria isto… Não pode ser, temos de ser prudentes. Sábio Governo. Mas eu tenho direito a isto… Não pode ser. Isso dos direitos já não se usa. Tinha, mas já não tem. Isto é que é um Governo moderno despachado, desenvolto, atirado para a frente, que deu bom nome à lei da selva. Obrigado, vaca, digo, Governo.

Para o sol chegar a mais lados, deixou de haver árvores a não ser eucaliptos, que cheiram bem. Na parte de trás do País, aquilo que se chama interior, há uma doença, a interioridade, mas não afecta as costas, por isso podem ir à praia à vontade. Também não vive lá muita gente. A sábia política do nosso Governo tem sido despovoá-lo, acabando com a política retrógrada dos arcaicos e velhos Reis portugueses. Antes ser "povoador" era uma honra, hoje é ser "despovoador". A vaca, digo, o Governo, tem feito uma política muito competente para despovoar. Acabaram as estações dos correios e o correio só aparece uma ou duas vezes por semana. Acabaram os postos de saúde. Acabaram os tribunais. Acabaram muitos serviços públicos, existem umas lojas de cidadãos a 30, 50, 100 quilómetros. Reanimou-se a oferta de táxis para estas deslocações, e, além disso, vir de Guadramil para Bragança, dá muito cosmopolitismo, os velhos sempre saem de casa para ver o mundo. Isto é que são preocupações sociais. Nenhum louco abre uma empresa nestes sítios. Não há problemas pode vir para um "ninho de empresas" num centro comercial em Lisboa, recebe uns subsídios do Impulso Jovem e, depois, é só mostrar o seu "empreendedorismo" e inventar o moto -contínuo. As leis da Física dizem que é impossível, mas desde quando é que a entropia foi um problema para os portugueses?

Depois, é um gosto passear pelas cidades de Portugal, a começar por Lisboa. Tantos cartazes de "vendido", na Assembleia, nas paragens de autocarro, nas estações de Metro, nas caixas da EDP! Isto é que é reanimação da economia para acabar com as profecias dos Velhos do Restelo. Tudo se vende e é bom seguir o exemplo da Remax. Sempre podiam colocar a fotografia do vendedor, que tanto prédio, comboio, autocarro, linha eléctrica, barragem, aeroporto, porto, vende! Lá teríamos de novo a vaca, corrijo, os senhores ministros a sorrir babados de sucesso.

Essa banda de maus portugueses, a chamada "oposição", anda para aí a distribuir fotografias caluniosas da vaca, em que apenas um mamilo de uma teta escorre para o balde colectivo do povo e o resto vai em tubinhos da ordenhadora não se sabe bem para onde. Eles dizem que sabem, mas é calúnia de certeza. A vaca é boa, a vaca é úbere, a vaca tem as cores nacionais na lapela, a vaca ri, como diz o nosso Presidente da República, e uma marca francesa de queijos, de tanta felicidade. Ser portuguesa!

Mas está tudo tão bem que até dói. Pleno emprego em 2300, não está mau. IRS a 4%, em 2500, e só não se acaba com ele por prudência. Sábio Governo, de novo, que não quer prescindir de nenhum "instrumento", para poder continuar a fazer da nossa vida "um exercício".

Bebés já há muitos desde que o nosso preclaro Governo, seguindo as mais modernas tendências do "admirável mundo novo", cultiva embriões in vitro e faz nascer as crianças numa proveta com líquido amniótico. As quotas são correctas: em cada 10, seis são brancas, três pretas, meia criança amarela e outra meia para o resto das raças. Os ciganos protestam porque só há 1% de criança cigana, ou seja não nasce nenhuma, mas isso é povo do RSI, não deviam ter direito à palavra. A vaca é que sabe. São excelentes notícias para a emancipação feminina, acabamos com a maldição de Eva. Depois de saírem da proveta as crianças vão ser educadas por hipnopedia, para não terem trabalho a estudar e poderem ser "jotas" mais cedo sem terem a preocupação de disfarçarem uns diplomas manhosos. Agora o diploma tira-se a dormir em 60 noites e não há mais "casos" nem Sócrates, nem Relvas. Os velhos vão ser reeducados para morrer mais cedo e não pesarem nas gerações futuras.

Na Europa já se diz que o século XXI é o "século português" tão admirada é a vaca, digo, o nosso belo país. Os turistas chegam cá e gritam de excitação "what a beautiful cow, I’m sorry, what a beautiful country". Os mais letrados acrescentam "Is this Utopia?" Não tenham dúvidas. A água é sempre cristalina. O céu sem nuvens. As ruas limpas. A segurança alimentar impecável, ou seja, não lhe vão dar a comer um qualquer ciclóstomo pré -histórico. Os animais são respeitados religiosamente, com excepção dos gatos pretos que representam o demónio e os demónios, como se sabe, governam a Grécia. Pode andar nas ruas sossegado às 3h da manhã que a nossa vaca, mais um engano, as nossas autoridades, colocam um batalhão de comandos à volta. E só não há trabalho porque não é preciso trabalhar para nos dedicarmos à cultura gastronómica muito em moda nestes dias. Ou ser costureiros, o que dá uma comenda rapidamente.

Tudo é bom, tudo é deles e nada é nosso. É uma forma de comunismo dos cidadãos esclarecidos que acreditam nas virtudes purgantes da pobreza. Razão tinha esse percursor do nosso futuro, António de Oliveira Salazar. Pobres mas honrados. E muito limpinhos, na casa dos pobres. Sem bens somos mais felizes, desprovidos das tentações do mundo, vemos a vaca como ela deve ser vista, radiosa, cheia, opulenta, pujante, brilhando no escuro de tanta felicidade que dela emana, sempre a bombar.

Vejam lá se eu não sou capaz de dizer bem da vaca. Vá lá convidem-me para o Governo, bem mereço.

INTERVENÇÃO NA SESSÃO DE SOLIDARIEDADE COM A GRÉCIA

PARTES DA INTERVENÇÃO

Falemos de patriotismo.

Imaginemos 1640 e os conjurados, imaginemos 1765 e os colonos americanos, imaginemos 1940 e os franceses que ouviam a palavras de Pétain após a capitulação, tudo situações muito diversas, mas com uma coisa em comum.

Os portugueses, os colonos americanos e os franceses, todos ouviram as mesmas palavras, todos ouviram os mesmos sábios conselhos, todos escutaram apelos à razão, à realidade, ao realismo, à sensatez, à passividade, à prudência, ao respeito por quem manda, à ordem estabelecida. Todos também ouviram algumas ameaças: deixem-se estar quietos porque as consequências serão terríveis, não tenham veleidades que não vão conseguir alguma coisa, as coisas são como são, a realidade é muito forte e quem a contestar verá cair-lhe sobre o corpo toda a força dos poderosos.

A realidade. Falemos da realidade. Ou, como dizem alguns neo-filósofos da direita, que confundem ignorância com desenvoltura e topete, a p.d.r., a p…. da realidade que atiram à cara dos que dizem que há alternativas.

Isso é tudo muito bonito, dizem, muito solidário, muito nobre, mas e a p.d.r.?

Vamos pois devolver-lhes a realidade com juros. Com juros como os da Grécia.

Havia algo de pior do que a realidade, do que a que existia em 1640, 1765 e em 1940? A realidade em 1640 eram os Filipes e Miguel de Vasconcelos, em 1765 eram os casacas vermelhas e os seus mosquetes, os barcos de Sua Majestade Jorge III e os mercenários do Hesse e. em 1940, as tropas do Reich de 1000 anos mais a Gestapo, a que em breve se juntaram as milícias e a polícia francesa.

Em matéria de p.d.r. é difícil haver melhor. Os tecnocratas da troika e os seus mandantes políticos são anjinhos comparados com estes mandatários da realidade. Da p.d.r.

Mas não chegou, não era assim tão realidade como isso, havia, como há sempre, outras realidades, as que nós fazemos.

A Duquesa de Bragança queria ser rainha pelo menos por um dia e, como nestas coisas as mulheres costumam ir à frente, disse ao seu homem para conspirar. A realidade ameaçava-lhe separar a cabeça do corpo, mas ele e os 40 conjurados acabaram por enviar Miguel de Vasconcelos pela janela a bombar e devolver à origem a outra Duquesa, a de Mântua. A I República, e bem, resolveu que o 1º de Dezembro tinha que ser feriado e os nossos patriotas de bandeirinha à lapela, acabaram com ele. É que os conjurados deviam ser radicais e do Syriza.

A realidade devia dizer ao senhor Benjamin Franklin que podia fazer uma startup com os seus para-raios, a John Adams que podia ser um bom advogado de negócios de Boston, ao senhor Hamilton um eficaz administrador colonial, ao senhor Jefferson um scholar erudito, ao senhor Washington um bom agricultor e a mil e um dos “pais fundadores” que podiam ser apenas... pais.

Mas a outra realidade disse-lhes que “no taxation without representation”, e que o Parlamento inglês não devia mandar nos colonos americanos que não o elegiam. O resultado é que o chá foi para o fundo do Porto de Boston e apareceram umas bandeiras com uma víbora e que diziam: “não me pises”. “Não me pises”, foi assim que foi fundado esse tenebroso país esquerdista e irreal, os EUA.

Em 1940, - quanto mais perto de nós, mais a realidade é dura, - o que é que Pétain disse aos franceses? Aceitem a realidade. E a realidade é a ocupação alemã. E quais são os interesses da França? Colaborar com o ocupante, ser bom aluno da Nova Ordem Europeia e fazer o sale boulot dos alemães: perseguir os judeus, executar os resistentes, combater ao lado das SS. Era o “trabalho de casa”.

Mas havia em França uns irrealistas criminosos, um radical esquerdista chamado De Gaulle que foi para Londres apelar à revolta contra a realidade. Franceses tão radicais como ele, como Jean Moulin, e franceses menos radicais do que ele, os comunistas depois do fim do Pacto Germano-Soviético, começaram a trabalhar contra a realidade. E depois foi o que se viu.

Amigos, companheiros e camaradas

Eu gosto do meu país. É o meu povo, a minha língua, as minhas palavras e as dos meus, falem "assim" ou "axim", digam "vaca" ou digam "baca", digam "feijão verde" ou "vagens". Portugal é, ou devia ser, o único sítio onde o meu voto manda. Mas o meu voto manda cada vez menos. Como para os revolucionários americanos, também no meu país, há “taxation without representation”. Também no meu país há colaboração, submissão, diktats, Também no meu país, a realidade é feita de mentiras.

É por isso que o destino dos gregos não me é indiferente, bem pelo contrário.

Não quero saber se o governo grego está a fazer tudo bem ou não. Não quero saber se Varufakis é arrogante ou não. Nem, verdadeiramente, o meu julgamento sobre os gregos está dependente de eles terem sucesso ou não.

O que eu sei é que houve um governo na União Europeia que resistiu a cortar mais salários e pensões a quem já tinha visto salários e pensões cortadas.

Podem falhar, mas resistiram.

O que eu sei é que houve um governo que quis defender o seu país de ser controlado por estrangeiros e por uma burocracia transnacional de tecnocratas pedantes que detestam a democracia e “esnobam” dos políticos. Os "adultos" que estão na sala.

Podem falhar, mas resistiram.

O que eu sei é que houve um governo que quis ser fiel às suas promessas eleitorais e que não quis ser uma versão grega do Senhor Holande, nem dos socialistas que acham que são membros suplentes do PPE.

Podem falhar, mas resistiram.

Não sei se isto é de esquerda ou de direita, sei que isto é ser um bom grego. E isso é um exemplo que nós queremos seguir, para sermos bons portugueses, que gostam do seu país e do seu povo.

Perante uma realidade iníqua há um valor moral em tentar criar outra realidade que não comece por p..

Se há coisa que a história mostra é que vale a pena.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Belíssima e comovente carta de Maria Barroso para Mário Soares preso em Caxias


Meu Querido Amor

Senti tanto a tua falta hoje – em quase 20 anos de casados é a primeira vez que passamos separados esta noite. Separados materialmente, claro, porque nunca, nunca deixaste o meu pensamento, meu Querido.
Tivemos a D. Eugénia e o marido [Joaquim Jacobetty Rosa] para jantar connosco. Comemos uma canjinha e um pouco de peru, daquele de que eu cortei as fatias do peito para te levar e que eu própria preparei. Portámo-nos todos à altura, embora sem festas nem saúdes. Tu estavas bem presente no pensamento de todos nós – para quê fazer saúdes? Foi um jantar simples, como qualquer outro. Teria sido, como tem sido sempre, um jantar de festa se tu estivesses. O Pai esteve bem, distraiu-se a conversar e por volta das 11 horas foi-se deitar.
Ainda apareceram os nossos afilhados para nos darem um abraço e trazerem um presente à Isabel.
Mas eu, meu querido, eu que não quero que ninguém me veja senão de olhos enxutos e cheia de coragem, afastei-me um pouco por volta das 10 e 1/4, 10,30 e pensei em ti com uma intensidade tal que tinha a impressão de que o meu coração pulsava em todo o meu corpo – era um bater tão forte que a minha cabeça parecia uma caixa de ressonância. Pensei em ti com toda a força – passei as minhas mãos ternamente pelos teus cabelos e fechei-te os olhos com um beijo tão cheio do meu Amor – que tu deves ter sentido a minha presença junto de ti. Disseste-me que às 10,30 adormecias e eu quis estar só nesse momento em que pensei que te deitavas e adormecias. Para te acompanhar, para pensar que não estavas tão só nesta noite que foi para nós sempre uma noite de família em que nunca nos separámos. Foi tanta a intensidade com que pensei em ti, sozinha, que quase se tornou palpável a tua presença junto de mim – as pancadas do meu coração eram tão fortes que eu tinha a impressão de que sentia o teu próprio coração bater com o meu. Acredita, meu Amor.
Podem separar-nos, arrancar-te fisicamente de junto de nós como o estão fazendo agora. Mas há uma coisa de que eu estou segura e de que tu podes ter a certeza – eu estarei sempre contigo, meu Querido! Sinto-me de tal modo identificada contigo, todos estes anos em que caminhamos juntos estão tão repassados de Amor, de ternura, de compreensão, que é impossível separarem-me de ti – eu estarei sempre onde tu estiveres. «Não há machado que corte a raiz ao pensamento» diz um poema [de Carlos de Oliveira] e é verdade! O pensamento atravessa as grades mais fortes, não conhece paredes nem montanhas e vai para onde nós quisermos... ainda! Por isso podem as grades ser fortes, as paredes espessas, as distâncias enormes que eu estarei presente onde estiveres, sobretudo se te sentir só, como agora, injusta e incrivelmente só.
Não sei se conheces uns versos lindos de uma poetisa nossa amiga [Sophia de Mello Breyner Andresen], que diz:
«Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o temor da morte
Para ver a verdade, para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei!».
Esses maravilhosos versos dizem bem o que eu te poderei dizer de uma maneira mais desajeitada.
Os beijos mais amigos dos teus Filhos, Pai e Tio Nobre. Abraços, muitos abraços de toda a família e amigos.
Para ti sempre toda a minha ternura mais profunda e os beijos mais carinhosos.
Sempre tua
Maria de Jesus"

Morreu ontem Maria de Jesus Barroso Soares (07-07-2015) Maria Barroso diz Descrição da Guerra em Guernica, de Carlos Oliveira

segunda-feira, 6 de julho de 2015

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Parabéns Pai - Amor de toda uma vida!! 23-06-2015




...as palavras já se repetem, mas o meu AMOR por ti Pai, cresce a cada dia!!